Dídimo Paiva


Geraldo Magela S. Freire, Advogado Aos 91 anos, Dídimo (Jacui 13/07/28; BH 09/03/19), um dos ícones do jornalismo, acaba de ser chamado por Deus.

Quando morre um amigo um pedaço de nós se desprende. Esse veio lá de Jacui. Não é um corpo que se vai. É um mundo de amizade, de palavras, de afetos. Um universo. Para Alceu Amoroso Lima “A morte é uma forma de vida, é um momento da vida, uma expressão da vida.”

Sua trajetória terrena foi digna e simples. Cidadão íntegro, paradigma de jornalista combativo e independente, mas que irradiou humildade, ética e dignidade por onde passou.

Não morremos, Deus vem nos buscar e nos levar para onde pertencemos desde sempre, para a sua Casa e para o seu convívio, diz o teólogo Leonardo Boff. Já não precisa mais navegar, enfrentar ondas e vencê-las. Alegre-se por estar em casa, no Reino da vida sem fim, continua.

Dídimo não cabe em nenhuma moldura. Incorruptível, não fez fortuna, embora com longa trajetória jornalística e editorialista de renome nacional. Formador de opinião conceituado e respeitado, levou uma vida humilde, digna e honrada, útil e proveitosa ao próximo e à sociedade. Independente e impetuoso no exercício da sua profissão, nunca se curvou ou prestou vassalagem nem ao dinheiro nem ao poder.

Foi editor nacional e internacional do jornal Estado de Minas, onde trabalhou por 40 anos, convidado por Geraldo Teixeira da Costa. Editor chefe da seção de Opinião até abril de 2009, depois de passar por outros também grandes jornais de São Paulo e Rio de Janeiro.

Além de paradigma de jornalista, intransigente defensor das liberdades, contrário à censura e ao arbítrio, enfrentou o outono da vida com dignidade, sem amargura, sem rancor, na angélica aceitação do destino. Na amizade, sentimos uma alma transcendente de graça, bondade e resignação, mesmo diante dos últimos tempos de sofrimentos físicos agravados pelo mal de Parkinson.

Foi presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais entre 75 e 78, período duro da ditadura, posicionando-se com dignidade e coragem exemplares. Foi o redator do manifesto Terror Cultural contra o Golpe Militar de 1964, protegendo pessoas perseguidas pelo regime. Foi um dos autores do Código de Ética do Jornalismo de 1985 e integrante da Comissão de Honra de Centenário da ABI – Associação Brasileira de Imprensa.

Estamos solidários nas orações para que os Anjos possam acompanhá-lo à Casa do Pai, onde vai celebrar a Páscoa eterna.