A capacidade de pagamento das empresas da maioria dos setores só melhorará ao final do primeiro semestre de 2019. Impulsionada pelo alto índice de calotes e pelo difícil acesso ao crédito, recuperação fica “travada” e vem de forma mais lenta que o esperado.
O movimento acontece em um ciclo vicioso. De um lado, o número de consumidores que não conseguem honrar seus compromissos só cresce e atinge novos picos históricos, puxado pelo alto nível de desemprego no País. De outro, as empresas também ficam inadimplentes perante seus credores.
Isso gera um adiamento de suas intenções de investimentos e a aquisição de políticas de redução de gastos, o que, de grosso modo, pode implicar no corte de pessoal ou, simplesmente, na não contratação.
Os últimos dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) apontam que, em julho, o volume de consumidores com restrição no CPF avançou 4,31% em relação a igual período de 2017, atingindo 63,4 milhões de brasileiros. Ao mesmo passo, o número de empresas inadimplentes em junho avançou 9,41%.
Mesmo com as perspectivas de que um direcionamento eleitoral destrave a economia, a oferta de financiamentos por parte das próprias empresas e a demanda por crédito continuarão afetadas.
Para o professor de economia da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EESP/FGV) Clemens Nunes, diferente do que vimos nos últimos anos, onde as empresas com altos estoques “adotaram critérios menos restritos na concessão pela necessidade de fazer caixa”, os estoques normalizados e o cenário difícil retraem recursos.
Já segundo o economista do Banco MUFG Mauricio Nakahodo, o único setor que continua crescendo é o agronegócio, ao passo em que os demais “ainda levam algum tempo”.
“De qualquer forma, independente do setor, a ideia é de que poderemos ver alguma recuperação pelo menos até o final do primeiro semestre de 2019”, conclui Marcela Kawauti , economista-chefe do SPC.
Fonte: dci.com.br