«Il est interdit d’interdire».
Geraldo Magela S. Freire
Advogado da Silva Freire Advogados
Não dá para entender. A pátria dos direitos humanos, a França, onde nasceu a primeira “Déclaration des Droits de l’Homme et du Citoyen”, que o mundo referencia, está sendo destruída por repetidas (18a) ações de vândalos, chamados de Coletes Amarelos, que destroem o patrimônio público e privado da mais famosa Avenue des Champs-Élysées.
É um paradigma que desaba. A quem atribuir? Os direitos humanos foram distorcidos, com o tempo, passou a ter finalidade quase somente política.
Resta pouco infelizmente do perfil louvado universalmente. É inaceitável.
Mas, Paris é sinal para o mundo. Lembro-me do famoso «Il est interdit d’interdire (é proibido proibir), que era o slogan francês dos jovens universitários de Paris no ano de 1968.
O revolucionário ano de 1968 veio abalar as estruturas políticas, padrões éticos e morais de conduta da sociedade burguesa e impor novos costumes. Os padrões éticos e morais ganharam um novo contorno, numa luta dos jovens contra todo tipo de poder, a sociedade burguesa e novos padrões de costumes. O profeta dos rebeldes de 68 era o filósofo alemão Herbert Marcuse, exilado nos EUA.
Isso refletiu no mundo. Os valores defendidos foram incorporados aos costumes da sociedade e essas alterações serviram para moldar um novo conceito de família, com a inserção de um ingrediente novo chamado liberdade. Cada um passou a ostentar seus valores individuais sem maiores preocupações, porque todos são filhos do mesmo Deus.
Mas, aqui as minorias desajustadas, predominantes na televisão, nos jornais e em todas as mídias, sem nenhum controle da sociedade, enxovalham e vão destruindo tudo, o sentido das experiências das gerações passadas, da sacralidade da família – “Uma sociedade vale pelo que nela vale a família”, diz Sílvio Romero -, do respeito dos filhos para com os pais, entre os cônjuges, do respeito pela religião, com temor amoroso para com Deus. Na telinha, tudo é permitido.
Não se pode punir, então o crime compensa. Ora, os delitos merecem punição, tanto no plano humano como no sobrenatural.
No plano de justiça de Deus, “Ao mal moral do pecado, corresponde o castigo”, porque se encontra na consciência moral da humanidade a ordem moral objetiva que exige uma pena para a transgressão, para o pecado e para o crime.
O Dr. G. Le Bom, na exegese da Revolução Francesa, anotou que quem fez a revolução foram os agitadores: “… um punhado de homens, que saqueiam, destroem ou massacram, mas, para sublevar um povo inteiro, ou pelo menos grande parte desse povo, é necessária a ação repetida dos agitadores. Essas ideias germinam, propagam-se por sugestão e contágio, e chega o momento em que a revolução está preparada. Desse modo se organizaram a revolução cristã e a Revolução francesa.” (A revolução franceza e psychologia das revoluções, Livraria Garnier, Rio de Janeiro/Paris, 1922, p. 9, ortografia da época).
Vamos ver onde esses vândalos que saqueiam e depredam o patrimônio público e particular querem chegar.
Vive la France!