Artigo publicado no Jornal Estado de Minas de 25/12/2008, Primeiro Caderno, Opinião.
Geraldo Magela S. Freire
Diretor da União de Juristas Católicos do Brasil
Não sabemos o que precede e o que sucede a vida humana. Tudo é fugaz e provisório. O que levou Teilhard de Chardin lembrar que o homem não foi feito à imagem e semelhança de Deus, mas para ser sua imagem e semelhança. Estamos em construção.
O que temos certeza é que Jesus Cristo veio na forma de uma criança pobre e humilde, nascida numa manjedoura de periferia, pretendendo habitar no nosso coração, trazendo um projeto de vida e liberdade, com fraternidade e partilha. Precisamos trazer essa luz que não se apaga para o nosso meio, para aliviar as dores da vida, para enxugar as nossas lágrimas e recuperar a alegria e a esperança de viver.
O Natal é o símbolo do renascimento que expulsa o orgulho, a inveja e a ambição dos corações, deixando no coração coroas de perdão e mensagens de fraternidade e partilha. Natal quer dizer pão para o corpo e o espírito. Não se vive simplesmente por viver. Vivemos para servir e conviver com nossos irmãos, filhos do mesmo Deus.
Leonardo Boff diz que há dentro de nós uma chama sagrada coberta pelas cinzas do consumismo, da busca de bens materiais, de uma vida distraída das coisas essenciais. É preciso remover tais cinzas e despertar a chama sagrada no NATAL, que é um dos pontos altos da espiritualidade cristã, e, então, irradiaremos. Seremos como o sol. Diz que todos nós carregamos uma cruz no coração ou nas costas. E que temos que vivê-la não como tribulação, mas como libertação, porque a cruz humana está dimensionada para o infinito. Temos que dar sentido à dor e ao sofrimento, sobrevivendo na esperança, que deve encher nossos corações.
O saudoso Alceu Amoroso Lima ressalta que “A vida é uma contínua ondulação entre mortes e ressurreições. Entre altos e baixos. Vitórias e derrotas.” Ou seja, a vida é um perde ganha diário. E que “A suprema tarefa que Deus propôs à humanidade, ao conceder ao homem o trágico privilégio da liberdade, foi a de colher a alegria na própria árvore do sofrimento”.
Sabe por que o mundo está assim? Por minha causa. Por sua causa. Por nossa causa. Desaprendemos o que JC ensinou há 2.000 anos. Ele precisa voltar rapidamente. Por enquanto, temos que ter muita esperança.
Mas, se a esperança nasce com JC, ela tem que aprender a caminhar, a falar, a crescer e a tomar decisões para que seu significado seja realizado em toda a sua capacidade transformadora.