A família está morrendo?

Artigo publicado em 04/09/1998

Jornal Estado de Minas

Seção Opinião, p. 9

Autor: Dr. Geraldo Magela S. Freire – OAB – MG 15.748

 

A família

está morrendo?

 

VIVIANE FERREIRA MONTEIRO MAIA

“… SÓ ESPERO

QUE A ESSE NOVO

ingrediente se

agrege outro,

o amor a Deus…”

 

 

GERALDO MAGELA S. FREIRE

Advogado, membro da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB-MG

 

 

A família está morrendo? Não. O conceito de família foi elastecido com a inserção de um ingrediente novo chamado liberdade. E uma nova família está nascendo, muito melhor, como ensina a historiadora francesa Míchelle Perrot, no artigo intitulado “O Nó e o Ninho”.

Pela televisão entra a qualquer hora, sem pedir vênia, a pornografia, a homossexualidade, a violência etc.. Os pais ficam perdidos.  A família está acabando,  em frangalhos, pulverizada.

Você está lembrado dos anos 60?

Pois foi nessa década que os direitos das minorias afloraram.

E daí?

Esses novos valores não merecem se assentarem, tomarem seu lugar na sociedade?  Quando você for prestar contas a J.C., lá em cima, quererá você carregar a pecha de discriminador, porque outros têm valores diferentes dos seus, às vezes ditados pela genética ou pela escravidão dos valores do grupo social a que pertence?

No momentoestamos todos pagando por essa efervescência, especialmente os pais, que só conseguem, no momento, transmitir o exemplo. Os filhos desejam ser eles mesmos, escolher os valores de suas vidas, suas profissões, seus amores, suas companhias. As minorias, antes dominadas, estão ditando abusivamente todas as regras, ocupando todos os espaços, violentando os direitos da maioria.  Com isso vem o exagero. E haja exagero nisso. É trancinha para lá, brinco para cá.  Terninho para lá, bota para cá.  Isso para ficar só nas aparências.  São separações, nascimentos extraconjugais, mãe solteira.  E os outros valores enxovalhados?

Passada essa ebulição, – quantos anos ninguém sabe, – assegurados seus direitos, as minorias se recolherão, perfilhando igualitariamente seus valores na sociedade.

No conceito de família, então, foi inserido um ingrediente novo chamado liberdade.  E, querendo ou não, está nascendo uma nova família, muito melhor. Não há rejeição da família, “Eles rejeitam o nó, não o ninho.”, de uma família patriarcal cujos interesses do chefe prevaleciam sobre as legítimas aspirações dos outros membros, como observa Michelle Perrot.

Só espero que a esse novo ingrediente se agregue outro, o amor a Deus. Exercitado na fé evangélica, sem hesitação, servindo ao próximo, porque não existe fé sem obra.  E por falar em obra, não seria melhor você se preocupar mais com o menor carente, abandonado, que bate à sua porta e de quem fugimos, passando para o outro lado da rua, do que com o brinquinho ou com a trancinha do próximo?

Porque sem Deus e sem liberdade não se pode falar em felicidade.

 

(Jornal Estado de Minas em 04 de setembro de 1998, Seção Opinião, p. 9)