Se a crise econômica aqueceu o mercado de recuperação judicial ou processos de saída de empresas estrangeiras do país, quem trabalha com fusões e aquisições vive situação oposta. Pesquisa da PriceWaterhouseCoopers mostra queda de 29% no número dessas operações no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2015.
Fusão feita pela Perdigão em 2007 mobilizou 57 advogados da mesma banca
Em 2016, foram concretizadas 287 negociações contra 406 em 2015. Os dados mostram que o mercado voltou aos mesmos patamares de 2009, período de crise econômica, que teve 258 negócios no primeiro semestre.
O cenário se opõe à euforia de poucos anos atrás. Em junho de 2008, Gustavo Sardinha sócio do Renaldo Limiro Advogados Associados, publicou artigo na revista eletrônica Consultor Jurídico alertando para que donos de empresa estivessem prontos para a qualquer momento receberem oferta de compra. À época, apresentando números da KPMG, ele ressaltou que em 2007 o Brasil havia batido seu recorde de aquisições e fusões em 43%, com 677 acordos, 204 a mais que no ano anterior, movimentando U$ 59 bilhões.
“Se você não se ateve ainda para o valor da sua empresa e, especialmente de sua marca, fique atento e esteja preparado. O concorrente pode bater à sua porta a qualquer momento e dizer: Quanto você quer na sua empresa?”, escreveu Sardinha.
Movimentador do mercado
Em junho de 2016, foram feitas 43 transações, volume 40% inferior se comparado ao mesmo período do ano passado (72 transações). Já o mês de maio segue como o período com o pior desempenho do ano, com 41 negócios realizados. Para o sócio da PwC, Rogério Gollo, a queda no número de negócios apresentada no primeiro semestre deste ano é fruto da insegurança em relação à crise política no país e ao rumo da economia brasileira.
Negócios de fusões e aquisições movimentam de forma expressiva o mercado de advogados. Em 2007, a compra da gaúcha Eleva pela Perdigão mobilizou o trabalho de 57 advogados do escritório Machado Meyer.
Agora, apesar do decréscimo nas transações do mercado, o sócio da PwC acredita que as negociações que estavam engavetadas estão sendo retomadas. “A expectativa é que muitos acordos sejam concretizados nos próximos meses, fazendo com que o mercado atinja os mesmos patamares de 2015, em que foram realizados 742 negócios”, declara.
Capital nacional e TI
O setor de Tecnologia da Informação segue como o preferido pelos investidores, sendo 19% dos negócios feitos neste ano. Esse cenário de liderança do mercado de TI está ativo desde janeiro de 2014. Foram feitos 54 negócios neste ano, número inferior ao apresentado em 2015 (70 transações). Os setores de Serviços Auxiliares (32 transações e 11% do total) e o Financeiro (26 transações e 9% do total) figuram entre o segundo e terceiro lugares, respectivamente, nas preferências dos investidores.
Filtrando por setor, pela quarta vez em 2016, os investidores nacionais foram os que mais fizeram negócios de fusões e aquisições no país. Com 53% de participação nas transações concretizadas no primeiro semestre de 2016, os investimentos de origem nacional, com 141 negócios, se consolidaram à frente dos investidores estrangeiros, que apresentaram 123 transações até junho.
Fonte: conjur.com.br