Cliente da Silva Freire Advogados entra na Justia aps ser enganado ao comprar uma Ferrari

Cliente da Silva Freire Advogados entra na Justiça após ser enganado ao comprar uma Ferrari

Belo Horizonte, 05 de julho de 2009.

 

Veja abaixo a reportagem publicada no Caderno de Veículos do Jornal Estado de Minas de 05 de julho de 2009, onde um cliente da Silva Freire Advogados busca na Justiça a devolução do valor pago por uma Ferrari F-430.

 

DECEPÇÃO

Lua de mel do empresário Leonardo Furman com sua Ferrari termina quando descobre, pela internet, que o esportivo esteve envolvido em um grave acidente em São Paulo.

 

SONHO BATIDO

Quem gosta de carro sempre sonhou em ter ou dirigir uma Ferrari. Com o empresário mineiro Leonardo Pereira Furman não foi diferente. No início de fevereiro, Leonardo resolveu realizar seu sonho de criança e comprar um esportivo da marca do cavalinho rampante, que tanto fascina as pessoas que são apaixonadas por carro. Ele procurou então a empresa Via Itália, em São Paulo, que representa a marca italiana no Brasil. Lá, o empresário se encantou pela Ferrari F-430 F-1, usada, ano/modelo 2006, placa FJL-0430, vermelha, que tinha apenas 6.595 quilômetros rodados. Ele comprou o carro por R$ 1,17 milhão, com entrada de R$ 300 mil e o restante dividido em parcelas de R$ 100 mil e R$ 50mil.

 

De acordo com Furman, ele resolveu comprar o esportivo porque o aspecto visual era muito bom, não aparentava nenhum defeito e o vendedor lhe garantiu que o veículo tinha ótima procedência, estava em excelente estado de conservação e era qualificado de especial, ou seja, um automóvel perfeito, apesar de usado. “Quando conversei com o vendedor, ele deu a entender que aquele carro havia sido de uma pessoa que trocava sempre de Ferrari quando o esportivo completava alguns anos. Ou seja, que o dono anterior havia comprado uma outra apenas para ter um modelo mais novo e que o carro estava impecável”, lembra o empresário mineiro.

DOENÇA Para Leonardo, que passava por um momento difícil na vida, enfrentando uma doença grave, a compra representava a materialização do sonho. Estar ao volante de um modelo da lendária Ferrari, marca pela qual sempre foi apaixonado, ouvir o ronco e sentir toda a força do poderoso motor V8, de 490cv, proporcionavam uma sensação incrível, que diminuía seu sofrimento com a doença. Como tinha negócios em São Paulo, o empresário realizou várias viagens como esportivo à capital paulista e, numa delas, em abril, tentou avaliar o carro em uma outra agência. Para sua surpresa, o vendedor lhe disse que a empresa comprava Ferraris sim, mas não aquela, porque a mesma havia se envolvida em um grave acidente e que Leonardo poderia comprovar o fato pela internet, no site Youtube.

 

Ao chegar ao hotel, Leonardo conta que acessou o site e descobriu que realmente havia sido enganado. A Ferrari F- 430F1,de placa FJL-0430 tinha se envolvido em um grave acidente na madrugada de 19 de outubro de 2007, no Viaduto Aleomar Baleeiro, região da Água Funda, na capital paulista. Na ocasião,o motorista Luiz Raiza Filho (filho do proprietário do carro) perdeu o controle do veículo, rodou na pista, invadiu a calçada e atingiu o guard-rail. As imagens foram parar na internet porque se tratava de uma Ferrari e porque o cinegrafista Fábio Tanaka, da TVBandeirantes (na época), que fez a gravação, acabou sendo agredido pelo motorista da Ferrari com uma cabeçada.

 

NA JUSTIÇA Depois de assistir ao vídeo, Leonardo Furman resolveu entrar na Justiça contra a empresa Via Itália. Ele procurou o engenheiro Daniel Ribeiro Filho, que, por meio de um parecer técnico, encontrou vários vícios no veículo: lateral traseira trocada; furo na união do teto como ângulo superior na parte interna do quadro da porta direita; agregado da suspensão traseira de sustentação do conjunto motriz descentralizado e desalinhado dentro das caixas de rodas, em relação à curvatura dos para- lamas traseiros, se destacando a tendência para o lado esquerdo (devido à forte torção de todo o conjunto na batida; geometria da suspensão traseira com cáster bem desigual; pneus traseiros com desgaste desigual; pintura nova em toda a carroceria; entre outros. Segundo o advogado do empresário mineiro, Geraldo Magela Freire, “a ação de indenização por perdas e danos e danos morais se baseia no fato de ser inadmissível e inaceitável que a Via Itália, representante oficial da Ferrari no Brasil, comercialize um automóvel que já sofreu avarias mecânicas e na carroceria para um consumidor, atestando que era um veículo em perfeito estado de conservação e uso, ocultando que ele tenha sofrido um grave acidente”. Procurada, a Via Itália informou que só vai se manifestar quando receber a notificação e analisá- la. Para Leonardo, a ação é uma forma de punir a falta de responsabilidade da empresa que vendeu o carro. “Se eu tivesse me empolgado por estar ao volante de uma Ferrari, teria morrido, porque o carro não tinha condições de segurança”, desabafa.

 

Fonte: Jornal Estado de Minas