Professora ridicularizou a roupa que ele usava no local; além da exposição de sua figura, ele sofreu um segundo constrangimento: o preconceito registrado nos comentários da foto.
O advogado mineiro Marcelo Santos ficou “famoso” depois que a professora do curso de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) Rosa Marina Meyer postou em seu Facebook uma foto dele com uma camiseta regata e bermuda no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, acompanhada da legenda “aeroporto ou rodoviária?”. Além da exposição de sua figura, ele sofreu um segundo constrangimento: o preconceito registrado nos comentários da foto.
“Quando percebi, fiquei indignado. É decepcionante ver que pessoas ligadas à nossa educação têm essa postura em relação ao cidadão”, desabafou o advogado ao portal G1. Santos ainda revelou que pretende processar a professora.
De acordo com o presidente da Comissão de Informática e Direito Eletrônico da OAB, Luis Felipe Silva Freire, a professora pode ser alvo de três ações diferentes. “Ele pode processá-la por difamação ou injúria, com penas que vão de um mês a três anos de detenção. Na esfera cível, pode entrar com uma ação para receber indenização pelo dano moral causado. Além disso, como o episódio pode ter tido reflexos na vida profissional dele, o escritório pode entrar com um processo como pessoa jurídica e pedir ressarcimento dos danos”.
Análise. Para Euclides Guimarães, professor de sociologia da PUC Minas, as redes só potencializaram algo que já estava presente na sociedade. “Muito da fofoca que ‘rola’ pela internet é apenas a modernização de algo corriqueiro. É natural que haja maior invasão da privacidade das pessoas a partir do momento que pessoa vira uma emissora”.
Ele também aponta um certo preconceito. “É uma questão de se tentar preservar uma certa condição elitizada de determinados ambientes, como os aeroportos. Isso incomoda, de fato, quem faz parte de uma elite que estaria usando o aeroporto independente do preço da passagem”, afirma.
Freire ressalta que o direito à imagem não está relacionado à situação financeira. “O Artigo 5º da Constituição diz que todos são iguais perante a lei. Podia ser qualquer pessoa nessa situação, o direito seria o mesmo, pois o que está sendo desmerecido é a própria pessoa”, garante.
Ciente da repercussão negativa que a postagem teve na internet, a professora publicou em seu Facebook um pedido de desculpas. “Sabedora do desconforto que posso ter criado com um post meu publicado ontem (quarta-feira) à noite, peço desculpas à pessoa retratada e a todos os que porventura tenham se sentido atingidos ou ofendidos pelo meu comentário. Absolutamente não foi essa a minha intenção.”
Fonte: O Tempo