A continuação da negociação das reivindicações específicas com o Banco do Brasil, realizada na sexta-feira, 11 de setembro, em Brasília, foi marcada por tensionamento quanto aos quinze minutos de intervalo das mulheres antes da jornada extraordinária. A decisão do BB de permanecer com o intervalo no Distrito Federal, Pará e Amapá causou grande descontentamento das bancárias, uma vez que o banco não informou se vai pagar o valor devido dos intervalos não realizados.
Os representantes dos funcionários insistiram que o banco tomou uma decisão no meio de um processo de negociação e tentou, ainda, no seu comunicado, jogar as trabalhadoras contra as suas representações sindicais. Os bancários argumentaram que, durante a vigência do intervalo, em muitos locais de trabalho as mulheres não obedeceram ao descanso legal devido às condições de trabalho.
«Para muitas bancárias era impossível parar um atendimento ao cliente ou parar a fila do caixa. Mesmo em setores internos, não foram dadas condições para obedecer ao intervalo legal», afirmou o coordenador da Comissão de Empresa, Wagner Nascimento, que é diretor do Sindicato.
Foi cobrado do BB que se pague esse passivo, uma vez que não se trata apenas de um intervalo de quinze minutos, mas de hora extra feita e não paga. Os funcionários reivindicaram que o banco apure os pontos eletrônicos e estabeleça o pagamento às mulheres.
Foi acertada uma reunião para esta semana com o BB, quando será negociada a situação das praças com problemas e o BB dará resposta quanto ao pagamento das horas devidas.
Ausências autorizadas
Os representantes dos funcionários cobraram do banco a ampliação das ausências autorizadas e da regulamentação para a ausência para consulta para tratamento médico/odontológico.
Os bancários reivindicam que haja regulamentação sobre o abono das horas de consulta. Desde que a Diretoria de Pessoas passou a proibir o abono das horas de consultas, tem havido transtorno em vários locais e a permissão de ausência fica a cargo de cada gestor.
Foi dado destaque, neste item, à ampliação da LAPEF sem descontar nos abonos e ampliação do PAS adiantamento, com a permissão de uso pelos funcionários de bancos incorporados.
Previdência Complementar
Foi, mais uma vez, cobrado que a administração dos planos dos funcionários de bancos incorporados seja feita pela Previ e que seja oferecida opção de adesão imediata ao Previ Futuro para incorporados sem plano de previdência.
Os funcionários destacaram as reivindicações de volta da consulta ao Corpo Social e a implantação de um teto de benefícios na Previ. Foi cobrada do BB a instituição de novo benefício de previdência opcional, com base na PLR, com contribuição patronal e pessoal e a alteração dos parâmetros da parte 2b do Previ Futuro, de forma a permitir o aumento do percentual de contribuição patronal e pessoal.
Os trabalhadores cobraram também o resgate da parte patronal no Previ Futuro nos casos de desligamentos, que já permitido no plano 1 da Previ e se trata de uma reivindicação antiga dos bancários do BB.
Vale transporte
Os representantes dos funcionários cobraram também o pagamento do vale transporte intermunicipal, pois muitos funcionários não obtêm o benefício devido a problemas na empresa concessionária, por não ter catraca ou serviço de vale-transporte. Os funcionários ficam prejudicados pois precisam se deslocar às próprias custas para trabalhar em cidades vizinhas e até mesmo dentro de regiões metropolitanas.
Folgas
Foi feito um amplo debate sobre a regulamentação da concessão de folgas no acordo coletivo e também sobre as folgas da Justiça Eleitoral. Devido a um acordo com o Ministério Público do Trabalho, as folgas da Justiça Eleitoral não poderão mais constar no acordo com a opção de conversão em espécie, mesmo que apenas uma parcela do estoque.
Os funcionários cobraram do BB que seja definido em acordo um prazo para concessão de folgas, para evitar que novamente a Dipes venha a pressionar os funcionários para utilização de folgas, inclusive com ameaça de inquéritos administrativos indevidos.
O banco assumiu o compromisso de apresentar uma nova redação à cláusula das folgas ainda durante o processo de negociação.
Vale Cultura
Foi reivindicada ampliação do vale-cultura para todos os funcionários, independente da faixa salarial.
Avanços no PCO
O BB apresentou algumas propostas debatidas nas mesas sobre PSO e que serão implementadas até 31 de agosto de 2016:
a) disponibilização da Trilha de capacitação invertida para que os funcionários do PSO possam fazer cursos da Rede Varejo e vice-versa;
b) implementação da adição cruzada (movimentação transitória) entre escriturários de Agência e PSO.
Para Wagner Nascimento, apesar do amplo debate realizado durante a negociação sobre os 15 minutos, ainda falta o compromisso do BB em pagar as horas extras feitas gratuitamente pelas bancárias. «Não adianta o Banco do Brasil querer cumprir somente parte do que recomenda a lei. Se houve intervalo não obedecido, precisa ser quitado. Além disso, é necessária uma negociação de fato sobre o tema», afirmou.
O coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários ressaltou ainda que são importantes os avanços em relação aos abonos das grávidas e no PSO. «Embora ainda muito tímido em relação à nossa pauta, entendemos que todo avanço na perspectiva de carreira e nas condições de trabalho é uma conquista dos trabalhadores», concluiu.
Fonte: bancariosbh.org.br