Firestone – Pneu ¨made in Brazil¨ também estoura
Se você pensa que só o pneu Firestone fabricado nos Estados Unidos está estourando e que só a Explorer sofre este problema, você está redondamente enganado. Na última quarta-feira, um Firestone Radial A/T, produzido no Brasil, que equipava um pick-up Ford F-250 explodiu na BR-040, nas proximidades de Belo Horizonte. Por sorte ninguém ficou ferido, mas o fato serviu para agravar ainda mais a situação da Firestone, que amarga prejuízos e perde cada vez mais a confiança do público consumidor.
Até então, a Bridgestone/Firestone declarava que não tinha registrado nenhum problema no Brasil e que o recall dos Wilderness, ATX e ATX II era voluntário e se limitava aos pneus produzidos em sua fábrica de Decatur, nos Estados Unidos. Lá, vários utilitários esportivos Ford Explorer envolveram-se em acidentes causados por desprendimento na banda de rodagem deste pneus. Mais de 80 mortes já foram registradas em centenas de acidentes com o Explorer. A Ford e a Bridgestone/Firestone americanas convocaram um recall para a substituição dos pneus, enquanto no Brasil somente a fábrica de pneumáticos se propos a realizar as trocas.
Mas, recentemente, os Cadernos de Veículos do DIÁRIO DA TARDE e ESTADO DE MINAS já haviam apurado em Belo Horizonte o estouro de um pneu Firestone Wilderness, de um Ford Explorer, porém fabricado no Canadá. Agora surge outro caso, com um outro modelo de Firestone (A/T) produzido no Brasil e em outro veículo da Ford, um pick-up F-250.
De acordo com Fernando Antônio da Silva, representante comercial na Ceasa, os pneus dianteiros do Ford Explorer Limited V8, ano 98, que pertence à empresa, apresentaram um desgaste irregular. Ele então resolveu retirá-los e instalá-los em um pick-up Chevrolet S-10, colocando no Explorer pneus de outra marca. Em janeiro passado, quando Fernando viajava com o pick-up por São Paulo o pneu Firestone estourou, soltando toda a banda rodagem. Eu não passei em buraco ou em qualquer coisa que pudesse danificar o pneu , afirma Fernando. Na época, ele jogou o pneu fora, pois ainda não se falava do recall . Posteriormente, a Bridgestone/Firestone trocou os três pneus restantes.
Pneu brasileiro
Na última quarta-feira, Antônio de Pádua Juventino, que trabalha com Fernando, dirigia um pick-up Ford F-250 da empresa pela BR-040 quando o pneu traseiro direito estourou. O pneu é um Firestone Radial A/T 265/75 R16, fabricado no Brasil. Segundo Antônio, ele dirigia o pick-up a 60 km/h e quando o pneu estourou foi difícil segurá-lo no volante.
Ao parar o carro, Antônio constatou que o pneu estava com a banda rodagem toda recortada, com os fios da lona à mostra. Fiquei assustado quando vi o pneu, porque não aconteceu nada para que ele ficasse desse jeito , disse Antônio. O fato foi comunicado à Ford através do 0800 e ele foi orientado a procurar uma concessionária da marca. Mesmo sabendo que o pneu em questão não era o especificado pelo recall , Antônio foi a um revendedor Firestone, onde preencheu um relatório e entregou o pneumático estourado para análise.
Fernando e Antônio querem saber porque o pneu do F-250 estourou, mas acreditam que é problema de matéria-prima. Ambos confessam que perderam a confiança na marca de pneus e esperam que a Ford e a Bridgestone/Firestone do Brasil tomem providências para que pessoas não morram em acidentes provocados pelos pneumáticos.
Fonte: Diário da Tarde
O que fazer com o pneu da morte?
Pedir indenização à Bridgestone/Firestone e à Ford! Isso mesmo! Todas as pessoas que possuem Ford Explorer equipados com os pneus ATX, ATX II ou Wilderness, que estão passando por recall por já terem causado cerca de 80 mortes nos Estados Unidos, não só têm direito a idêntico recall, como podem entrar na Justiça com ação contra danos morais. É o que está escrito no Código de Defesa do Consumidor.
Segundo o advogado Geraldo Magela da Silva Freire, membro da Comissão de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil/MG, o consumidor tem o direito de receber não só outro pneu como uma indenização por danos morais, independente de ter sido acidentado ou não, já que correu risco de vida. Nos Estados Unidos, as pessoas vão acabar entrando com ação. Eu não tenho dúvidas. Aqui deveriam fazer o mesmo , diz Geraldo Magela.
Além disso, pelo Código de Defesa do Consumidor brasileiro, em caso de defeito de fabricação, a pessoa tem o direito de escolher entre a substituição do bem (no caso do pneu) ou o dinheiro de volta, corrigido. Portanto, a opção de 100 dólares ao invés do pneu, que está sendo oferecida pela Firestone no EUA, deveria também valer no Brasil, o que não está acontecendo.
Outra diferença fundamental de tratamento entre Brasil e Estados Unidos está na posição da Ford. Lá, a montadora também está oferecendo recall; aqui, simplesmente lavou as mãos. A Ford tem responsabilidade solidária pelos problemas apresentados pelos pneus. O Código prevê que os produtos ou serviços não podem acarretar riscos ao consumidor. E prevê a responsabilidade solidária do fabricante e do fornecedor. Quando você compra o produto, está comprando uma unidade de uma determinada marca e não um amontoado de peças , afirma.
Conforme Magela, a impunidade no Brasil ocorre porque o Departamento Nacional de Defesa do Consumidor, que é um órgão do Ministério da Justiça, deveria fiscalizar, mas, infelizmente, é omisso.
Aqui, o poder público não faz nada , acrescenta. Quantas pessoas já morreram aqui por causa de outros defeitos com veículos? Muitas! Mas ninguém faz nada. Toda vez que um carro capota dizem que foi excesso de velocidade. A culpa é sempre do motorista , finaliza.
Fonte: Diário da Tarde