ENTREVISTA AO JORNAL ESTADO DE MINAS DE 29 DE JULHO DE 2006.
VEJA A ÍNTEGRA DA REPORTAGEM ABAIXO
Perigo com Yamaha NEO
Falha nas NEO AT 115 pode gerar o travamento do acelerador, com risco de acidente, pois fica quase impossível parar a moto
Comunicado alerta condutor para não usar motocicleta em percursos longos. Mas risco existe em qualquer situação, com probabilidade de ocorrer acidente
RECALL PAULA CAROLINA
A divulgação para recall — chamado do fabricante para troca ou reparo em produto com defeito, sem ônus — da Yamaha para a substituição do conjunto do carburador das motocicletas NEO AT 115 (2005 e 2006), anunciada dia 18, foi além do habitual. Enquanto a maioria das montadoras restringe o anúncio a única veiculação nos jornais de grande circulação, a Yamaha divulgou o comunicado por pelo menos cinco dias seguidos. Atitude louvável e preocupação que faz sentido, pois é a segunda convocação para o mesmo defeito, que a marca já havia tentado corrigir com outro recall em novembro do ano passado.
O problema é grave, pois o acelerador trava, ficando quase impossível parar a moto. E embora o comunicado seja claro quando, com letras maiúsculas, afirma que independentemente do comparecimento ao primeiro chamado, o consumidor deve retornar a uma revenda para a realização do segundo reparo, é falho quando diz que “a motocicleta não deverá ser conduzida em viagens ou longos percursos até que a modificação seja efetuada”, pois nada exime o risco de o travamento ocorrer em percurso curto.
“Em pequenos ou longos percursos, os riscos são iminentes. Você pode andar 10 quilômetros ou 100 quilômetros, que está sujeito. Não deveria rodar em hipótese alguma”, afirma o advogado Miguel Morais Neto, especialista em direitos do consumidor. “Este é um vício claro e confesso, que pode trazer problemas independentemente do percurso”, acrescenta.
ACELERADOR O primeiro comunicado, anunciado em 8 de novembro de 2005, chamava para a substituição de componentes do conjunto de aceleração, informando que uma inconformidade poderia provocar “o travamento da roldana de abertura da borboleta de aceleração, disparando o comando manual do acelerador com conseqüente aceleração ininterrupta e risco de acidente para os usuários do veículo e transeuntes”. Já o segundo convoca para a substituição do conjunto do carburador, dizendo que “em virtude de uma reação química, pode ocorrer um processo de corrosão entre a bomba e o pistão de aceleração, causando, na pior das hipóteses, o seu travamento, com risco de acidente”.
Segundo a Yamaha, a origem do problema é a qualidade do combustível, que cria borra no carburador. Por isso, a borboleta do sistema de aceleração da moto fica colada. A primeira tentativa de conserto não deu certo porque houve reação química com os materiais usados nos componentes que foram substituídos, provocando corrosão. A solução seguinte foi trocar todo o conjunto do carburador. Ainda de acordo com a Yamaha, há dois meses as motocicletas não são comercializadas na rede, à espera de solução para o problema. Ao primeiro chamado, compareceram 72,8% dos proprietários. Ainda não se sabe quantos compareceram ao segundo.
Com relação ao aviso no anúncio, que pede para que sejam evitados percursos longos ou viagens, a marca ressaltou que a intenção foi evitar que problemas aconteçam com o motociclista longe de assistência técnica, mas, de maneira nenhuma, foi dizer que em trechos curtos não há risco de acidentes até porque o anúncio pede para que todos compareçam.
QUADRO Os veículos envolvidos têm a seguinte numeração de quadro: ano 2005, de 9C6KE084050000001 a 9C6KE084050014411; ano 2006, de 9C6KE089060000001 a 9C6KE08- 9060000500.
FONTE: JORNAL ESTADO DE MINAS, 29 DE JULHO DE 2006, CADERNO DE VEÍCULOS, PG. 7