Não há previsão de contratações. Essa foi a resposta dos negociadores da CAIXA à cobrança das representações dos trabalhadores durante a quarta rodada de negociação da Campanha Nacional 2015, realizada na sexta-feira, 18 de setembro. Antes do início da reunião, os membros da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa) e um grupo de concursados realizaram protesto em frente ao hotel onde ocorreu a mesa.
Os aprovados no último concurso tentaram entregar um documento aos representantes do banco, que não aceitaram recebê-los. Os bancários consideraram esta postura como um desrespeito e ressaltaram que a contratação de mais empregados é uma questão importante não apenas para os empregados, mas também para assegurar atendimento de qualidade à população.
No início da negociação, a Comissão Executiva entregou camisetas da campanha “Mais empregados para a Caixa, Mais Caixa para o Brasil” aos representantes do banco na mesa. Por recomendação do Comando Nacional dos Bancários, também foram realizadas, no dia 18, manifestações em todo o país reivindicando novas contratações. O Sindicato realizou ato no centro de Belo Horizonte.
Os representantes da CEE/Caixa lembraram que o banco está autorizado pelos órgãos controladores a ter um quadro com 103 mil trabalhadores, mas que atualmente conta com 98 mil. O Plano de Apoio à Aposentadoria (PAA), realizado neste ano, agravou ainda mais a situação, com mais de 3 mil trabalhadores que se aposentaram e não tiveram suas vagas preenchidas por novos empregados.
Mais uma vez, o banco alegou que não pode avançar nas reivindicações por conta do cenário econômico e das limitações orçamentárias. Além de não sinalizar com a contratação de mais trabalhadores, a CAIXA recusou outras propostas, como o redimensionamento da lotação das unidades, o fim do banco de horas e da dotação orçamentária para pagamento de horas extra, mais transparência dos processos seletivos internos, entre outros.
Para a CEE/Caixa, a intransigência do banco marcou as quatro rodadas de negociação específica da Campanha Nacional 2015, o que demanda que a mobilização da categoria seja intensificada. A expectativa é que, no dia 25 de setembro, quando a Fenaban apresentará uma proposta global ao Comando Nacional, a CAIXA também apresente respostas às reivindicações específicas dos empregados.
Saúde Caixa
A CAIXA informou que apenas no início de 2016 deverá retomar o debate sobre a implementação das medidas sugeridas pelo Grupo de Trabalho sobre o Saúde Caixa, instalado em 30 de outubro de 2014 para debater a metodologia de utilização do superávit do plano de saúde dos empregados. Entre as demandas estão a redução da coparticipação, a extensão aos dependentes dos beneficiários de um dos programas de promoção a saúde utilizados pelo banco e a remoção por ambulância em situações de emergência.
A CEE/Caixa referendou a proposta na mesa de negociação permanente de 26 de maio deste ano, com a ressalva de que a redução da coparticipação de 20% para 15% entrasse em vigor em 1º de julho, o que foi rejeitado pelo banco. Os representantes dos trabalhadores condenaram a postura da CAIXA, que tem protelado sucessivamente uma solução para o uso dos recursos excedentes do plano de saúde.
O banco também recusou estender o plano para os empregados que saíram no Programa de Apoio a Demissão Voluntária (PADV), além da transformação do caráter do Conselho de Usuários de consultivo para deliberativo.
Funcionamento das agências
A CAIXA informou que mantem a Circular 055, que restringe por períodos menores que sete dias as substituições em cascata de empregados que executam temporariamente funções gratificadas e cargos em comissão. Para os trabalhadores, essa medida precariza ainda mais as condições de trabalho.
O banco se negou também a estabelecer um número mínimo de empregados por agência. Os representantes da categoria reivindicam pelo menos 20 trabalhadores por unidade, mas os negociadores da CAIXA alegaram que o dimensionamento do quantitativo é feito por meio de uma metodologia que leva em conta vários indicadores.
A CEE/Caixa criticou a ferramenta de dimensionamento de pessoal. Para os trabalhadores, é inadmissível que unidades sejam abertas com número insuficiente de empregados.
Jornada de Trabalho
A CAIXA também disse ‘não’ às reivindicações de fim do banco de horas e do limite orçamentário nas unidades para pagamento de hora extra. Segundo a CEE/Caixa, a dotação estimula fraudes na jornada, porque os empregados são induzidos a não assinalar todas as horas trabalhadas, já que não há recursos suficientes. O Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2014/2015 prevê o pagamento integral das horas extras nas agências com até 20 empregados.
PSIC
Os representantes dos trabalhadores reivindicaram mais transparência nos processos seletivos internos. Uma das propostas é a criação de um comitê de acompanhamento do Processo de Seleção Interna por Competência (PSIC) e do banco de habilitados e oportunidades e banco de sucessores, com participação dos empregados e um membro da GIPES.
A CAIXA recusou a reivindicação, alegando que já existem ferramentas que garantem o acompanhamento dos processos. Questionada sobre o PSIC para formação de banco de habilitados, que foi suspenso em 31 de agosto por recomendação do Ministério Público do Trabalho após denúncias de irregularidade, o banco informou que ainda não há posicionamento sobre a realização de novas provas e que o assunto está sendo discutido internamente.
Fonte: bancariosbh.org.br